quarta-feira, 30 de junho de 2010

C I L A D A S





Na trajetória humana, em favor do desenvolvimento moral e intelectual, o Espírito, não poucas vezes, defronta armadilhas bem urdidas, nas quais tomba, de maneira irreversível, comprometendo-se por longo período. . .

Constituem testes á resistência moral de todo jornadeiro que se aprimora através das experiências da evolução.

Ninguém, que desempenhe funções ou papéis relevantes, que não seja surpreendido por esses mecanismos perigosos que lhe põem à prova a capacidade mental e as resistências morais.

Sutis, algumas vezes, apresentam-se como dourados atrativos que seduzem e terminam por envilecer o caráter de quem lhes aquiesce ao convite.

Noutras ocasiões, surgem de inopino, ameaçadores e voluptuosas, surpreendendo e obrigando as vítimas a capitular, inermes, interrompendo o ritmo do ideal, da conduta, do trabalho a que se afervoram.

Algumas anunciam favores e glórias fascinantes que atingem a sensibilidade emocional, levando a paixões de afetividade doentia. . .

Inúmeras outras assumem o odioso aspecto da animosidade e da perseguição inclemente e gratuita, que termina por desestruturar aquele que lhe padece o cerco.

Normalmente, fazem-se insinuantes e agradáveis, sem aparente malícia nem mácula, culminando pelo envolvimento daquele que se permite fascinar pelo engodo de que se revestem.

Semelhante ao que ocorre com os insetos colhidos nas malhas brilhantes da teia de aranha que os espreita, a fim de devorá-los depois, logra êxito em razão dos fios viscosos e de aparência inocente que retêm as presas incautas, impossibilitadas de qualquer forma de libertação.

Existem as ciladas licenciosas, vulgares, insensatas, em que muitos corações gentis e dóceis se enleiam, comprazendo-se, irresponsavelmente, no comportamento divertido que se torna chulo e perturba dor.

Diversas outras são refinadas e trabalham a presunção do indivíduo invigilante, afastando-o do convívio social saudável que parece asfixiá-lo, isolando-o na alienação da falsa autosuficiência. . .

As ciladas constituem recursos perturbadores durante a experiência humana que têm a finalidade de proporcionar a aquisição de resistências espirituais e de valores pessoais ao indivíduo, mediante os quais o espírito se enriquece de sabedoria.

Todos os seres humanos, de uma ou de outra maneira, experimentam-nas durante a vilegiatura terrestre.

Há porém, outro gênero de ciladas perversas que merecem atenção redobrada.

Trata-se daquelas que são programadas no mundo espiritual inferior, nas quais se comprazem os Espíritos invejosos, atrasados, primários e os malvados que se transformem em obsessores, verdadeiros verdugos das demais criaturas humanas, individualmente, assim como da sociedade terrestre como um todo. . .

Odiando o progresso moral, do qual se alijaram por vontade própria, elegendo o sofrimento decorrente da ignorância em relação à Verdade como diretriz de segurança pessoal, esses Espíritos infelizes transformam-se em inimigos do Bem, que pensam impedir de expressar-se, assim como da felicidade do próximo que invejam.

Quando alguém se alça acima da craveira comum e chama a atenção pelos valores éticos, culturais, políticos, religiosos ou de qualquer outra natureza, investem, furibundos, contra, gerando situações embaraçosas, complicando-lhes os relacionamentos e comprazendo-se em afligi-los. . .

São hábeis na técnica de inspiração doentia, trabalhando as reflexões mentais daqueles a quem antipatizam com vibrações perniciosas e extravagantes que desajustam as suas vítimas.

Noutras ocasiões, trata-se de inimigos de existências passadas, que mantêm ressentimento em forma de rancor e desejo incontrolável de vingança na sua morbidez dominadora.

Insinuam idéias de enfermidades simulacros, transmitem sensações doentias, envolvem em ondas mentais depressivas, suspeitosas ou de violência, em contínuas tentativas de alienar aqueles que lhes caem nas ciladas mentais.

Ociosos e insensíveis à compaixão ou á fraternidade, persistem com virulência nos seus propósitos infelizes, tornando-se inflexíveis na razão direta em que encontram resistência naqueles que pretendem  azorragar.

Atiram pessoas irresponsáveis e igualmente ignorantes contra quem se esforça por superar as inclinações inferiores, tornando-se patrulheiros inconseqüentes dos seus atos, em razão de não desejarem sintonia com as suas mazelas.

Estimulam a sensualidade e provocam paixões tórridas de conseqüências desastrosas, desrespeitam os sagrados vínculos do matrimônio, da fidelidade, da consideração que todos se devem reciprocamente.

Acompanham aqueles que estão sob a alça de mira na condição de vigias impiedosos, sempre aguardando qualquer brecha mental, emocional ou moral, a fim de iniciarem as vinculações obsessivas, mediante as quais pensam em destruí-los.

No que diz respeito aos trabalhadores do Evangelho de Jesus através da revelação espírita, iracundos e violentos tudo investem, na sua sanha alucinada, para impedir-lhes o cumprimento dos nobres de veres abraçados.

Certamente, ninguém se encontra sem a proteção do Senhor da Vinha através dos Seus emissários e dos Seus próprios benfeitores que Lhe executam a Vontade.

Nada obstante, as ciladas que padecem os trabalhadores do Bem, fazem parte do esquema para a aprendizagem superior a respeito da realidade imortalista na qual todos nos encontramos mergulhados.

Essas experiências também ensinam como se deve comportar o obreiro de Jesus diante dos famigerados enfermos da alma, que se demoram na erraticidade necessitados de compaixão e socorro.

Constituem treinamento para o futuro, quando convocado ás tarefas de misericórdia em regiões dolorosas onde os mesmos se homiziam.

Age com bondade e sê fiel em qualquer circunstância do ideal ao qual te afervoras.

Ora e confia, alegrando-te quando sob chuva de calhaus e sorrindo quando jornadeando sobre cardos, deixando pegadas de dor e de júbilo pelo caminho, afim de que demonstres que segues Aquele que,aparentemente morreu vencido em uma cruz de vergonha, e que, após essa máxima cilada dos maus, retornou Triunfante conforme prometera.”



Joanna de Ângelis


Página psicografada pelo médium DIVALDO PEREIRA FRANCO,  na reunião mediúnica da noite de 31/ 03/ 2010, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, Brasil.

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Copiado em 30/ 06/ 2010 por Nivalda Steffens.

Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Para ler com a razão enamorada da emoção

Vinícius Lousada



O Evangelho segundo o Espiritismo consiste num livro publicado por Allan Kardec em abril de 1864. Lendo-o, em especial na parte explicativa sobre o objetivo da obra, somos capazes de vislumbrar um horizonte diferente do pensamento religioso tradicional em relação ao que diz respeito ao Cristo e à sua mensagem.


Teólogos e exegetas bíblicos se ocupam em auferir bases evangélicas aos dogmas das mais diversas seitas e igrejas nas palavras e atos de Jesus de Nazaré, prendendo-se à letra das escrituras na forma de seu entendimento.


Pesquisadores de áreas variadas têm por objeto de investigação vestígios arqueológicos e históricos de Jesus, delineando traços das condições étnicas, culturais e aspectos factuais em torno da personalidade Dele.


Já, o código de vida publicado pelo Codificador do Espiritismo se atém ao Evangelho mesmo, ou seja, ao conteúdo moral dos ensinamentos de Jesus.


Aliás, a Filosofia Espírita preconiza essa moral como a mais excelente para que a criatura humana viva sob a égide de uma ética da virtude, em sintonia com as Leis de Deus, construindo nas paragens terrenas um tempo de espiritualização que, diga-se de passagem, se inicia no coração de cada indivíduo que a compreende.


Kardec objetivava, com esse livro, apresentar um código de moral universal, “sem distinção de culto”(1) , a ser aplicado no cotidiano, conforme as lições do Mestre. Portando, caso você queira conhecer esse aspecto moral do Espiritismo leia o supracitado livro, mas faça isso com a razão enamorada da emoção saudável.

 


(1)KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 112. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996, p. 26

Publicado no jornal Diário Popular de Pelotas do dia 27 de junho de 2010.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A paz na morte


Mesmo quando o nosso dever moral seja o de pelejar para alijar as práticas violentas da vida da coletividade social, cabe-nos entender que em tudo o que se vive hoje em dia, no seio das sociedades mais diferenciadas, há um sentido educativo e impulsionador do progresso de que necessitamos.

Ainda quando nos caiba laborar vivamente pela paz, promovendo-a desde os nossos mais simples gestos, precisaremos entender o porquê de nos acharmos atados às vivências ásperas, complexas e violentas de um mundo expiatório como a Terra, dado o nosso estado empobrecido de evolução.

No planeta em que renascemos para a aquisição da escolaridade ampla, capaz de nos iluminar os conhecimentos do intelecto e do sentimento, enfermidades, frustrações, deficiências e morte são as peças que compõem o estranho mosaico da nossa experiência de redenção enquanto efetuamos o caminho da auto-iluminação.

Vale a pena, então, fazer esforços para desenvolver estilos de vida que nos credenciem a fazer sintonia com as bênçãos da saúde e não com as faixas da doença; a desenvolver raciocínios lúcidos aprumados ao bom senso, para que não fiquemos atados aos processos de frustrações.

Urge consigamos valorizar a honra do corpo físico, respeitando-o de todos os modos, fugindo aos excessos como quer que se expressem, a fim de não conectarmos com dispensáveis deficiências que costumam impor graves sofrimentos. Torna-se indispensável que movimentemos nossa jornada terrena de tal forma nobre, luminosa e digna que não nos prendamos ao temor da morte corporal, mas, sim, evitemos as ocorrências da morte moral, motivada pelos vícios de todos os tipos, que aprisionam a pessoa aos pelourinhos das torturantes dependências.

Para viver em regime de paz é imprescindível não sintonizar com as inspirações da violência nem com as façanhas dos violentos. Assim, a morte nos alcançará sem qualquer travo de culpa na consciência.

Para disseminar as propostas da paz é fundamental não alimentar as impressões do medo nem comungar com os medrosos. Assim a morte nos achará confiantes na vibração da perene vida.

Para se ter paz na morte, que inicia seu processo desgastador desde o primeiro hausto da criatura quando nasce, é necessário ao indivíduo manter-se em caminho de moderação em tudo o que diga e em busca de harmonia em tudo o quanto faça, exercitando-se em viver equilibradamente.

A desencarnação não pesará sobre quem soube amar a Deus e respeitar o próximo como não aprisionará em celas de amargura e remorsos quem soube ser livre e, ao mesmo tempo, respeitar a liberdade alheia.

Apesar do sofrimento moral que o passamento de um ser querido nos impõe, a morte física significa, em tese, a ansiada alforria após uma existência de lutas, de produtividade e de amor na busca da auto-renovação, do progresso e da paz.

Ivan de Albuquerque

Mensagem psicografada por Raul Teixeira, em 14.05.07, na Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói-RJ.

(http://www.raulteixeira.com/mensagens.php?not=113)